Sou uma jovem comum e que tem um brilho nos olhos incomum.
Tenho um quarto cheio de livros que nunca li, mas que pretendo algum dia ler. Gosto de livros de romance, de suspense e também de auto-ajuda.
Meu quarto é meu canto. É onde choro, penso, faço planos.
Já minha mente é minha confidente, minha melhor amiga e pior inimiga. Ela sabe todos meus segredos, me incentiva e também me magoa. Ela me faz perceber as cores e me apaixonar pelo cara errado (sim, aquele que não tem nada a ver comigo e que quando se aproxima faz meu estômago se encher de borboletas).
Tenho pais maravilhosos, mas eles não me tratam mais como um bebê de colo ou uma criança que está aprendendo a andar. É… ainda não consegui não querer ser o nenê deles…
Meu pai preparava leite com açúcar queimado de manhã e minha mãe brincava comigo e me levava à biblioteca. Às vezes sinto que queria voltar para o útero dela, mesmo sabendo que já poderia carregar uma criança no meu próprio ventre. Também queria atravessar a rua segurando as mãos do meu pai, meu protetor, meu herói, mesmo percebendo suas rugas e cabelos grisalhos e sabendo que daqui a alguns anos nossos papéis se inverterão.
Bons tempos… Saudosismo.
Suspiros…
As horas passam e passo a sentir outras coisas…
Mudo muito rápido.
De repente tenho vontade de provar que dois corpos podem sim ocupar o mesmo espaço… Vontade de tocar, de suspirar, de sentir minha humanidade e fraqueza, viver meus desejos carnais. Nesse momento a menininha frágil e carente desaparece e dá lugar à mulher que usa salto alto e brincos de argola.
Sou assim… Constantemente inconstante.
Gosto de ouvir MPB e me emocionar com os flashbacks dos anos 70.
Gosto de fotografia, de fazer listas, planos e organizar minha mesa.
Troco de roupa e deixo as peças jogadas no chão do quarto.
Gosto de olhar a cidade e também de sentir a terra sob meus pés descalços.
Amo cozinhar, mas detesto lavar louça.
Tomo vinho barato por opção (e também por necessidade).
Serei uma eterna estudante…
Prefiro cachoeira à praia e rio ao mar.
Amar…
Gosto de amar e me apaixonar.
De sentir aquele friozinho na barriga quando sinto outra respiração.
Ainda não escrevi um livro, não plantei uma árvore e nem tive um filho. Mas tudo bem… nasci em 85.
Leio os resumos das novelas mesmo sem acompanhá-las.
Prego coisas na parede do meu quarto e amo dirigir.
Dirijo bem, muito bem!
Gosto de ensinar, mas colei em química pra não reprovar.
Logaritmos matemáticos não existem!
Aprender dói…
Não saber dói mais ainda.